terça-feira, 17 de abril de 2012

Entrevista: cauteloso, Cássio faz revelações bombásticas


  

Ao longo de duas horas, na noite desta segunda-feira, 16, o senador Cássio Cunha Lima (PSDB) concedeu entrevista ao Programa Conexão Arapuan, apresentado pelo jornalista Luiz Tôrres. Abordado sobre temas diversos, Cássio tratou com desenvoltura questões nacionais, mas procurou sempre usar de muita cautela em relação à pauta política na Paraíba - principalmente quando o tema era sua relação com o Governo do Estado. Mas ainda conseguiu, mesmo assim, fazer algumas revelações e apresentação de pontos de vista bombásticos.

No tocante à pauta nacional, o senador tucano foi bastante contundente em sua avaliação sobre a atual situação do colega Demóstenes Torres (sem partido-GO), envolvido no escândalo de tráfico de influência e relações pouco republicanas com o bicheiro Carlos Cachoeira. "Ele mentiu para todos nós", lamentou Cássio Cunha Lima, ao observar que Demóstenes tinha assegurado em seu primeiro discurso em plenário após a eclosão do escândalo que tivera, no máximo, uma relação social com Cachoeira.
Para Cássio Cunha Lima, a situação política do senador goiano dentro da Casa é extremamente grave e vaticinou: "Não vejo outro caminho que não seja o da cassação do mandato de Demóstenes Torres".
Ainda sobre temas nacionais, Cássio fez duras críticas à judicialização do processo eleitoral no Brasil e à politização do Judiciário; acredita que o atual sistema político no País é uma "grande enganação" do ponto de vista institucional; não tem dúvidas de que o modelo econômico é "perverso e corrosivo" no Brasil, pois "o trabalhador ganha muito mal e o empresário paga muito" e, finalmente, voltou a afirmar que a Nação tem uma dívida histórica com a Paraíba e que é preciso que a classe política assuma de vez a bandeira para cobrar esse débito.
Pauta Paraíba
Quando a pauta do programa passou a abordar temas políticos mais atinentes ao cotidiano da Paraíba, Cássio Cunha Lima assumiu publicamente uma postura de cautela. "Tenho o dever de ser prudente, pois sou consciente: o que aqui digo pode ser mal interpretado na transcrição para a escrita", justificou o tucano. Mas, ainda assim, foi objetivo em alguns pontos movediços.
Indiretamente, acredita, por exemplo, que a rejeição das contas do ex-governador José Maranhão (PMDB), seu principal adversário político, poderão não ser empecilho para a candidatura dele, já que acredita que a pressão exercida junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para rever essa restrição sob a vigência da Lei da Ficha Limpa deverá cair. Todos os partidos, segundo ele, ingressaram com recursos na corte superior e, em nível de Brasil, mais de 20 mil políticos seriam impedidos de concorrer às eleições este ano.
Quanto ao governador Ricardo Coutinho, o senador do PSDB voltou a afirmar que não será "pitaqueiro" de sua gestão e tão pouco tem a pretensão de "tutelar" seu governo. Reconhece haver divergências pontuais no estilo e visão administrativa entre ele e Ricardo, mas lembrou que ele é legitimamente o governador de todos os paraibanos e tem o direito de tocar sua gestão como achar melhor.
Sobre a eleição municipal em João Pessoa, avaliou tratar-se de "um pleito em aberto", onde não é possível à essa altura ter a convicção sobre quem sairá vitorioso. Renovou sua posição de que o pré-candidato de seu partido, senador Cícero Lucena, é competitivo e tem legitimidade para voltar a disputar o cargo de prefeito da capital, mas só poderá se definir claramente apoio a partir das composições políticas formatadas no processo eleitoral. Claro, uma aliança com o ex-governador José Maranhão seria algo "extremamente difícil" de assimilar, segundo ele.
O senador tucano foi bastante sincero em dizer que tem o mesmo sentimento de indefinição em relação a Campina Grande, sua principal base eleitoral, onde a corrida sucessória será "disputadíssima", embora acredite na vitória do seu pré-candidato Romero Rodrigues, deputado federal do PSDB, a quem fez rasgados elogios. Criticou o prefeito Veneziano Vital do Rêgo (PMDB), por ele tentar "estadualizar" o pleito na cidade e vê nessa estratégia uma clara intenção de se "desviar o foco" sobre o debate em relação aos problemas do município.
UEPB
Tratada no programa, a UEPB foi também alvo de declarações contundentes de Cássio Cunha Lima. Ele disse crer que não houve ruptura da autonomia da universidade, mas que é preciso governo e reitoria encontrarem uma alternativa que, na visão dele, deve ser na reforma do artigo que trata dos percentuais de repasses do cofre estadual para a instituição.
Acompanhando o programa, a reitora Marlene Alves discordou pelo Twitter do senador, ao observar que só houve três oportunidades em que foi preciso reforçar o orçamento da instituição: duas na gestão do próprio Cássio e uma outra no Governo Maranhão, por conta de criação de novos campi universitários. Retrucando a observação, o senador criticou duramente esse caminho. "Se a UEPB é autônoma, ela não precisa estar negociando com o governante de plantão a ampliação de sua estrutura ao sabor dos interesses políticos dele", censurou.

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