Bau politico II


A morte é muito atrevida
investiu contra Jesus,
depois de levá-lo a cruz
tirou-lhe a sua vida.

Maria compadecida
verteu lágrimas singelas,
mas, Jesus disse para ela
pode ficar descansada
a morte está enganada
eu vou viver depois dela!

Raymundo Asfora

A morte é muito atrevida
investiu contra Jesus,
depois de levá-lo a cruz
tirou-lhe a sua vida.

Maria compadecida
verteu lágrimas singelas,
mas, Jesus disse para ela
pode ficar descansada
a morte está enganada
eu vou viver depois dela!

Raymundo Asfora 
______________________________________________________________________________

RAMALHO LEITE ESCREVE:AMIGOS E RIVAIS

eERNANI, EU E DORGIVAL T NETO
AMIGOS E RIVAIS

RAMALHO LEITE


A madrugada já surgia em Brasília, e em uma mesa do Piantela, cerca de dez paraibanos cansados de um dia de muita conversa e pouca solução,  confraternizavam-se na esperança de uma vitória que nunca seria alcançada.O tema era a escolha de Antonio Mariz para governador pela via indireta, e na mesa, João Agripino e Ernani Satyro estavam cercados por integrantes da bancada federal e estadual. João gostava de        “atiçar”  Ernani somente para ter o prazer de ouvir a sua reação. Ernani não se negava a contribuir com as chacotas de Agripino:
-Ninguém agüenta ouvir seus discursos, João... Se irritava Ernani. E  JA, com aquela voz irônica que Deus lhe deu:
-E quem é que agüenta ler seus romances Ernani?
Ernani reclamava:
-Toinho (Mariz) essa nossa união não vai prá frente por que João atrapalha...JA só fazia rir!
Era a primeira vez que os dois se aproximavam depois que um sucedera o outro no governo do estado. João fora o último eleito pelo povo pós 64 e Ernani o primeiro homologado pela Assembleia depois da indicação das forças político/militares em vigência. Juntavam-se no mesmo propósito: a escolha de Mariz para governar a Paraíba. A rivalidade entre eles, por um tempo, foi a de “inimigos cordiais”.
No Governo, por exemplo,Agripino anunciou que fizera mil obras. Ernani cunhou seu slogan: “dez obras que valem por mil”. E assim viveram, sempre numa emulação  romântica que  nunca chegou à agressão.
Revi essas passagens de suas vidas ao visitar em Patos a casa/museu da Fundação Ernani Satyro onde ambos são fotografados em inúmeros eventos. E ao passar pela minha visão a trajetória do poeta, romancista e político Ernani Satyro, cujo centenário de nascimento ocorre neste mês de setembro,concluí que não se faz mais políticos como antigamente. Qualquer paraibano que visualize o acervo da casa onde morou o Major Miguel Satyro vai ficar orgulhoso de um passado não muito distante e que deveria servir de norte às futuras gerações.
O centenário de Agripino ocorre no próximo ano. Por certo sua memória será também alvo da homenagem dos seus conterrâneos. João Agripino e Ernani Satyro foram, sem duvida, figuras exponenciais da política paraibana. Conto outro episódio que testemunhei envolvendo os dois ilustres amigos:
Concluinte de direito da turma que tinha o presidente Costa e Silva como patrono fui convidado a participar de um jantar na casa do general comandante do Grupamento de Engenharia.À mesa, o Presidente, o Governador e outros figuras importantes.Desimportante só mesmo eu, com diploma de bacharel e um futuro de sonhos. Entra o deputado Ernani Satyro, líder do governo na Câmara dos Deputados.O presidente Costa e Silva aproveita para enaltecer a amizades dos dois paraibanos:
-João, o Ernani é muito seu amigo. Se depender dele você será o próximo Vice-presidente da República...
De imediato, Joao Agripino objetou:
-Presidente, saindo do Governo eu só quero uma coisa. Ser nomeado ministro do Tribunal de Contas.
E dona Lourdes, a esposa, ao lado, reforçou:
-E faz muito bem em nomeá-lo Presidente, pois João, quando sair do Governo, não tem com que cutucar um gato... 
Por trás da mesa ouviu-se um vozeirão.
-Para tudo que quiser, João conta com todos nós.... Era Ernani, reforçando uma indicação que só fez honrar o TCU que, inclusive, foi presidido por Agripino.

Estou certíssimo quando afirmo que os tempos eram outros e os personagens do passado merecem todas as homenagens no presente.
_________________________________________________________________________________

1986: REVIVENDO A SUCESSÃO

1986: REVIVENDO A SUCESSÃO RAMALHO LEITE
Já se ultimando o prazo para filiações partidárias, a Paraíba vivia clima de indecisão nas hostes oposicionistas. Naquele longínquo ano de 1986 do século passado, a oposição chamava-se PMDB e o candidato natural do partido a Governador atendia pelo estimado e honrado nome da Humberto Lucena. Passada a refrega ele diria: nunca mais quero ser candidato natural...
Para Humberto, governar a Paraíba era um sonho acalentado desde a juventude. Infelizmente, morreria sem alcançá-lo. Conta o folclore que seu jeito ereto e severo foi forjado no seio familiar. Filho de Severino e neto de Sólon de Lucena, era o escolhido para voltar a ocupar a cadeira que fora do avô. E de tanto levantarem sua cabeça com a recomendação: cresça para ser Presidente da Paraíba - ganhou aquele corpo de estátua que raramente se abria no sorriso mais simpático do mundo.
Queria ser Governador sim, mas sabia que precisava de outras condições para alcançar êxito na empreitada. Sempre lembrado, no seu caminho havia um outro pretendente que lhe apontavam como mais provável eleito. Ele, o chefe partidário, abria espaço e aguardava sua vez.
Sentia no seu intimo que aquela seria sua ultima oportunidade. Dentro do partido ninguém lhe faria sombra, na ocasião. Tudo convergia a seu favor. Faltava combinar com o povo. Nas ruas, no campo, em toda parte só se falava em Tarcisio Burity. O “obscuro professor”, estreante na política, saíra do Governo consagrado para se tornar o deputado mais votado da historia da Paraíba. Desejava voltar ao Governo e um sentimento queremista grassava por toda parte. Burity estava ciente de que não contaria com o apoio dos companheiros que ajudara a entronizar no Palácio da Redenção. Sem vida partidária, procurou outras legendas. mas lhe fecharam as portas.
Do nosso lado, vivia-se o drama de ter o mais estimado e desejado candidato, mas, infelizmente, na cabeça do povo, sem chances de vitoria. O nome de Burity se impunha de baixo para cima.
Como comandante –em- chefe das oposições, Humberto reuniu os amigos e foi ouvindo um a um. Deputados, prefeitos, lideranças dos mais diversos segmentos partidários e sociais. Na ocasião fiz coro com os demais deputados pemedebistas. Quando indagado, fui sincero:
-Humberto, para mim e para a minha região, não existe candidato melhor do que você, No entanto, nós só ganharemos a eleição com Burity.
Humberto somou as opiniões, avaliou as ponderações e mais uma vez, renunciou à sua postulação. Tornou Burity nosso candidato e com ele, ganhamos o Governo e as duas vagas no Senado.
No momento, as oposições paraibanas vivem cenário semelhante. O Lucena agora é outro, mas a história se repete. Estamos revivendo 86. 
_________________________________________________________________________________

 MENSAGEM DE CASSIO CUNHA LIMA AOS PARAIBANOS

"Meus amigos, minhas amigas de toda a Paraíba:
Recolhi-me ao silêncio e à oração, à reflexão e ao convívio da família. Ninguém me acusará de haver, de alguma forma, perturbado a caminhada da Paraíba, com a proclamação de meu justo protesto e de minha legítima irresignação. Mas nada, nem ninguém calará a certeza da injustiça de que fui vítima. Arrancaram-me o mandato, mas enquanto tiver vida e voz gritarei o que a Paraíba isenta reconhece: não cometi nenhum dos ilícitos de que me acusaram para tirar-me o mandato legítimo conquistado limpamente. Os mais de um milhão de eleitores que me concederam seu voto e sua confiança sabem porque me escolheram. Ninguém terá hoje o direito de acusá-los de vendilhões de votos. Isso tem um nome: injustiça.
Entrego a Deus o meu futuro. Confio à Paraíba o meu destino.
Agradeço, comovido, a corrente de orações e manifestações, o apoio e a solidariedade silenciosa dos paraibanos, muitos dos quais nem nos deram o seu voto, mas discordam do processo utilizado para o nosso afastamento. Testemunhas de nossas ações, eles têm o último e irrecorrível juízo sobre o homem público. Esse julgamento nos reconforta.
A injustiça não nos abaterá. Tiraram-me o mandato, mas ninguém me usurpará a honra. Mais cedo ou mais tarde, a verdade triunfará.
Aos que conosco têm dividido tribunas e trincheiras e partilhado sonhos, ideais e provações – de forma especial aos senadores, deputados federais, deputados estaduais, prefeitos, vereadores, lideranças, o movimento popular, o movimento social - reiteramos a cada um a certeza de que me terão sempre inteiro a seu lado, na defesa dos objetivos maiores que traçamos, de construir o desenvolvimento da Paraíba e a melhoria da vida dos paraibanos principalmente daqueles que mais precisam.
O que nos uniu até hoje, no Governo ou na Oposição, foram idéias e bandeiras comuns.
A Paraíba sabe que sempre respeitei a divergência; jamais pressionei dirigentes partidários, muito menos confinei convencionais. Os que estiveram conosco sempre acreditaram na força das idéias e na verdade das palavras. Assim de novo o será.
Outras eleições virão. E de novo a Paraíba nos encontrará nas ruas, defendendo políticas públicas, mostrando o que fizemos e o que pretendemos fazer. Todos os nossos mandatos conquistamos nas ruas, nas praças, de forma limpa e legítima, sempre pelo voto direto. Assim vencemos duas eleições para deputado federal e sete eleições majoritárias – quatro das quais para o Governo do Estado. De novo percorreremos todos os municípios da Paraíba, dos quais em momento algum nos afastamos.
Tenho, como o poeta, apenas duas mãos e o sentimento do mundo. Apenas a palavra e a certeza inabalável de que a verdade sempre prevalecerá.
Não importa que hoje não tenham feito justiça. Um dia a história o fará. Um dia a Paraíba novamente nos julgará. E este julgamento, sim, será definitivo.
Como diz o meu pai, o poeta Ronaldo Cunha Lima, é bem melhor conter a revolta, contar os dias e esperar a volta.
Muito obrigado! "

_______________________________________________________________________________

 RAMALHO LEITE ESCREVE: O CRIME DE CASSIO

CASSIO CERCADO PELAS CRIANÇAS
O CRIME DE CASSIO

RAMALHO LEITE


Na  sessão  de diplomação  dos eleitos no ultimo pleito, um candidato ao Senado consagrado nas urnas por mais de um milhão  de votos, não recebeu o seu canudo. Segundo entenderam alguns ministros, o sufragado não teve validado seus votos em função da negativa do seu registro. Teria cometido crime eleitoral  e por tal motivo, perdera o mandato de governador igualmente referendado por mais de um milhão de paraibanos.
Uma decisão colegiada interrompera seu mandato e suspendera seus direitos políticos por três anos. Cumprida a sentença, era de se esperar que cessaria o  impedimento. Ledo engano! A lei nova fixou a punição em oito anos. Dessa forma, entenderam os juízes, a sua pena não estava finada e deveria ser ampliada. Assim, continuava inelegível e seu registro seria mais  uma vez negado.
A primeira vez que avistei Cassio Cunha Lima ele era um maior impúbere, se é que existe esse perfil. Trabalhava com Ronaldo na Prefeitura de Campina e fora encarregado de expor as razoes pelas quais o pai não deixaria a edilidade campinense para ser candidato a Senador. Estávamos no quarto do poeta Raimundo Asfora. O menino de Ronaldo era ouvido em silencio e respeitosamente por  Tarcisio Burity, candidato a Governador, o dono da casa, que postulava a vice, Waldir dos Santos Lima, Sólon Benevides e eu , que  acompanhamos Humberto Lucena à serra em busca da força política  de Ronaldo para concorrer ao Senado. Convencidos todos das razoes expostas por Cássio, partimos para o Parque do Povo onde Ronaldo anunciou sua decisão. Ficaria em Campina.
Asfora, então deputado, foi escolhido vice de Burity e Cássio ocuparia sua vaga na Câmara Federal. De lá, veio para a Prefeitura de Campina. Prefeito uma, duas, três vezes. Nunca teve qualquer conta desaprovada seja a nível estadual ou federal.
Superintendente da SUDENE, nessa qualidade integrou o Conselho de Administração do Banco do Nordeste onde eu também tinha assento como Diretor de Credito Rural daquele instituição. A gestão do BNB é acompanhada e fiscalizada pelo Congresso Nacional e pelo Tribunal de Contas da União. Não houve também ali, ou na sua gestão na SUDENE qualquer ato  que comprometesse a sua ficha limpíssima
Venceu  uma campanha desigual para o Governo da Paraíba. Reeleito, teve seu mandato tomado. Suas prestações de contas anuais, de todos os exercícios, foram consideradas regulares e tiveram recomendação favorável à sua aprovação.
Teria Cássio cometido algum deslize na Assembléia Nacional Constituinte quando apresentou emenda fixando o salário mínimo como remuneração do trabalhador rural aposentado ou quando propôs o acesso gratuito de idosos ao transporte coletivo? Também não!  Desse período só existem registros positivos.
O seu pecado foi governar para os que mais precisam.Seu defeito foi ir às ruas e praças encontrar os pequenos e ouvir os seus lamentos.. Seu único crime foi tentar diminuir a pobreza dos paraibanos e  atenuar as suas dores.
No Senado tem uma cadeira vazia. A Justiça haverá de ser feita.. A PARAÍBA espera ser representada por quem foi eleito. Já basta de mandatos usurpados. 
________________________________________________________________

Detalhamento de RAMALHO LEITE ESCREVE: HUMBERTO MERECE RESPEITO

Ramalho saúda Humberto em Solanea-1978
HUMBERTO MERECE RESPEITO

RAMALHO LEITE



Se há alguém na Paraíba que possa ser apontado como construtor de um partido político, ele atenderia pelo nome de Humberto Lucena. Herdando de Ruy Carneiro o acervo do antigo PSD extinto pelo movimento de março de 1964, Lucena incorporou ao partido os dissidentes da ARENA então agrupados no Partido Popular de Tancredo Neves que aqui era presidido por Carneiro Arnaud, sem perder os ortodoxos, como ele costumava chamar antigos correligionários: de Inácio Pedrosa a Mazureik Morais, de José Maranhão e Ronaldo Cunha Lima, passando pelos Gadelhas, de Marcondes, este tendo chegado a ser um “autêntico” do MDB mesmo mantendo afinidade com o Presidente Figueiredo e sendo responsável pelo lançamento da candidatura de Silvio Santos a Presidência da Republica juntamente com Edison Lobão e outro que formaram os chamados pejorativa e injustamente de “Os três porquinhos”. Mas essa é outra história...
Juntamente com Antonio Mariz e João Agripino  ingressei no PMDB e cheguei a sua vice-presidência, acumulando a liderança do partido na Assembléia e respondendo pela presidência na ausência de Humberto Lucena. Antes de alcançar o poder com a eleição de Tarcisio Burity ao Governo da Paraíba, participei, sob o comando de Humberto, da estruturação do partido em condições tais que permitiu a vitória nas urnas e a manutenção do poder por longos anos, até que a cizânia se instalasse no seio da agremiação e o partido fosse dividido dando surgimento ao PSDB liderado pelos Cunha Lima - tio, pai e filho.
Foi sem dúvida a ausência de Humberto e do seu espírito conciliador que permitiu a divisão do partido que construiu, vencendo tantas e inesquecíveis batalhas.Ao passar o bastão do partido não encontrou nos seus sucessores o mesmo discurso, de união e companheirismo, que deu sustentabilidade a um outrora aguerrido PMDB que sobrevivera a inúmeras tempestades e chegara a um mar tranqüilo.
A luta de Humberto Lucena foi esquecida em pouco tempo. Primeiro deram as contas do seu irmão Haroldo retirando-lhe a Presidência do Partido para premiar um ilustre desconhecido. Depois abandonaram sua filha, a deputada Iraê Lucena, à própria sorte, culminando com a sua não eleição para a Assembleia quando sobraram milhares de votos no bizaco da primeira sobrinha, Olenka Maranhão.
Como se não bastasse, de vez em quando, parte da presidência do partido construído por Humberto a ameaça de expulsão de sua filha. Seria cortar o ultimo liame, o cordão umbelical de Humberto com o PMDB. Onde ele estiver, estará se revirando em revolta com a ingratidão que lhe perpetram post mortem. Iraê Lucena, pelo que é e pelo que representa não pode ser expulsa da casa do pai. A memória de Humberto merece respeito!