quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

O Paranóico

Adelma Irineu

 

 

O paranóico é, antes de tudo, um ser pretensioso; acredita que as pessoas têm tempo integral para viver em função dele, acredita ainda que tudo que faz é genial e que, por isso, desperta uma profunda inveja no próximo. Está sempre gerando uma energia de antipatia gratuita e agredindo por antecipação.

Por não ser consciente dessa deficiência, está sempre projetando seu grave problema no outro e acha que a humanidade lhe deve uma conta impagável e que, por isso mesmo, todo mundo tem que lamber seu ego o tem­po todo; quem não se habilitar é inimigo ou está para ser.

Diante das inúmeras frustrações, por espantar a felicidade, quando ela lhe bate à porta, costuma se isolar para maquinar e por isso é, quase sempre, um ser anti-social. Os entes mais queridos, no seio da família, com muito esforço, o paranóico vê como intolerantes, desinteligentes e incompreensivos; caso não concordem cem por cento com suas palavras e obras.

Mascarando a doença, o "incompreendido" vai caminhando e procura se sobressair em alguma coisa, para provar que é o máximo. Às vezes, consegue, mas em outras chega a pensar em levar Deus para o Procon, por propaganda enganosa, do tipo: “Vinde a mim todos os que estão cansados e oprimidos e eu vos aliviarei”. Afinal, a vida de um paranóico não é fácil mesmo.

Sentindo-se sempre acima do bem e do mal, qual­ quer erro na vida do paranóico ele encontra logo um bode expiatório, aí vale tudo, menos assumir a própria culpa. Confesso que não sou especialista para uma análise científica do assunto, e foi justamente a essa altura, que parei esse trabalho e recorri a uma bibliografia. E lá estava: “Paranóia é uma psicose crônica, caracterizada por um delírio mais ou menos bem sistematizado peto predomínio da interpretação e pela ausência de enfra­quecimento intelectual, e que geralmente não evolui para a deterioração. Freud inclui na paranóia não só o delírio de perseguição, como a erotomania, o delírio de ciúme e o delírio de grandeza”.

Por que abordei esse tema? Foi o que me veio à mente na hora, quando comecei a analisar o mundo estressante e competitivo da sociedade capitalista, na qual temos que conviver com pessoas que parecem estar "à beira de um ataque de nervos", verdadeiros paranói­cos, crônicos ou de ocasião, sempre prontos a nos agredir e ferir gratuitamente. E porque somos vítimas das mes­mas pressões, às vezes, o inverso se torna uma possibilidade...

Vivemos uma crise existencial nunca registrada na história da humanidade, motivada pela ganância do ter e do ser a qualquer custo. Há uma única saída, Deus, Ele com ou sem religião, nos traz o equilíbrio e serenidade de que tanto precisamos. “A violência dos perversos os arrebata, porque recusam praticar a justiça.” (Pv 21:7)

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